segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O HORMÔNIO DO CRESCIMENTO (GH - GROWTH HORMONE): ATÉ QUE PONTO ELE É BENÉFICO ???


Sem dúvidas que este assunto é um dos preferidos em comum da mídia e dos alunos de academia preguiçosos, indisciplinados que esporádica e invariavelmente exaltam fórmulas mágicas supostamente capazes (suposição deles, claro) de ter um corpo perfeito sem fazer o mínimo ESFORÇO, pensam eles que é fácil ... e com qualquer "injeçãonzinha" seu corpo irá mudar do dia para a noite !!! NÃO FAZEM DIETA, NÃO TREINAM CORRETAMENTE, NÃO DESCANSAM, BEBEM NA NOITE... E QUANDO NÃO USAM DROGAS .... Poxa !!! me poupe ... mas vamos lá !!!!! A bola da vez é o hormônio do crescimento humano, growth hormone, (a partir de agora GH).

Mas afinal de contas, o que é o GH? O GH é um hormônio liberado pela parte anterior da glândula hipófise estimulada por inúmeras situações (e põe inúmeras nisso, a concentração séricas deste peptídeo pode variar até 1000% em poucos minutos), alguns fatores que estimulam a liberação de GH são: Sono, Hipoglicemia, Exercício (maior em treinos intermitentes e intensos), Refeições ricas em proteínas, Estresse (dor, calor, ansiedade), Outros agentes (serotonina, estrógenos, adrenalina, dopamina, glucagon, beta-bloqueadores, L-arginina ...).

A baixa concentração de GH na infância pode levar ao nanismo. Com o avanço da idade há notável redução deste hormônio, a qual pretende-se relacionar com dibilidades no tecido muscular, ósseo, articular e até mesmo nos órgãos (entre os 30 e 75 anos fígado, rins, cérebro e pâncreas atrofiam em média 30%). Já sua alta concentração pode levar a acromegalia e distúrbios cardíacos e metabólicos. A deficiência de GH é verificada em adultos se os resultados dos testes (indução de hipoglicemia com insulina ou infusão de arginina) forem menores que 5 ng/ml para adultos e 10 ng/ml em crianças. Em casos de deficiência, o tratamento em adultos geralmente é feito com doses variando de acordo com a resposta metabólica, mas que dificilmente excedem 1 mg por dia, podendo ser bem maiores em crianças e adolescentes.

O uso do hormônio do crescimento começou em 1958, retirado diretamente de cérebros humanos, o que causou vários problemas de contaminação e desordens neurológicas fatais em alguns pacientes, levando a descontinuidade desta forma de tratamento. Somente em 1985 o problema foi resolvido, quando o hormônio do crescimento sintético se tornou disponível nos EUA, a evolução científica permitiu obter o GH através de uma recombinação do DNA humano, procurando produzir a seqüência ideal de aminoácidos, sendo mais seguro e obtido com relativa facilidade. Todos sabem dos supostos atributos do GH, basta abrir qualquer revistinha dessas e ler a lista. Mas afinal de contas o que realmente é comprovado sobre o GH? Será que os achados científicos apóiam a bajulação em torno deste hormônio? E (a pergunta de sempre) será que vale a pena pagar o preço? O pouco que usamos de GH é capaz de despertar uma célula tumoral dormente e iniciar um processo que nosso corpo nem sempre é capaz de interromper...

Antes de iniciarmos o estudo, recomendo cuidado na interpretação das pesquisas, sabemos que o hormônio do crescimento pode levar a mudanças em diversos tecidos, incluindo muscular, articular e ósseo. Quando se verifica um aumento na massa magra, significa que houve aumento em algum dos componentes do seu corpo que não seja gordura, incluindo aí todos as estruturas antes referidas, portanto aumento de massa magra não significa necessariamente aumento de massa muscular. Quanto a este equívoco (talvez propositalmente induzido pela industrias farmacêuticas) o médico Michael Mooney, respeitada autoridade em preservação muscular e HIV, desafiou uma empresa produtora de GH: “Ressalto que o único estudo de Serotostim (nome comercial do GH da empresa) que incluiu uma avaliação crítica das mudanças no tecido muscular usando MRI (ressonância magnética) não mostrou nenhuma alteração. Todos os demais usaram análise de impedância bioelétrica, a qual mede a massa corporal magra, mas não pode medir com segurança as mudanças musculares. Na Terceira Conferência Internacional de Nutrição e Infecção por HIV, em Cannes, França, abril de 1999, Donald Kotler, médico de St. Lukes-Roosevelt Medical Center de Nova York, reportou os resultados de um estudo de 6 meses com o hormônio do crescimento Serostim. Os resultados do Dr. Kotler mostraram que 6 mg de Serostim por dia não promoveram aumento significativo no tecido muscular durante as 12 semanas em que os dados de repetidas MRI de 8 pacientes estavam disponíveis. Muitos outros estudos com diversas populações HIV-negativas também não mostraram melhoras aparentes no tecido muscular”

Inicialmente os experimentos foram direcionados a pacientes debilitados e idosos. Como em 1999, quando num estudo foi observado os efeitos lipolíticos e anabólicos do tratamento com hormônio do crescimento mesmo com restrição calórica, aumentando as quantidades de IGF-1 e induzindo a perda de gordura visceral.

Uma possível relação e importância nas adaptações ao treino de força justamente procurando verificar esta importância foram feita num estudo com o tratamento de GH. Nele houve aumento de cerca de 100% na quantidade de IGF-1 sérico, porém não houve influência positiva na força. Apesar da diminuição da massa de gorda e aumento na massa magra nos pacientes tratados com GH, não houve aumento significativo na força. Já um outro estudo feito em idosos concluiu que o uso do GH não provoca aumento na hipertrofia muscular, indo contra a hipótese de que a deficiência de GH seja causadora de menores respostas ao treinamento em idosos.

Já num outro experimento apontou que a musculação aumenta a força e o anabolismo em idosos, porém não há influências positivas do GH nestes resultados, sendo os ganhos de massa magra possivelmente advindos de aumento das proteínas não contráteis e retenção de fluídos. O interessante é que a administração do hormônio causou, tanto aumento no anabolismo quanto no catabolismo protéico, com os ganhos de força e valores líquidos de síntese protéica sendo similares em ambos os grupos do trabalho. O mesmo pesquisador, alguns anos depois, desanimou os fãs do GH, agora questionou-se a relação do tratamento com GH na densidade óssea. Neste estudo de 16 semanas aliou-se a administração de GH a exercícios físicos, as variáveis medidas foram a composição corporal, densidade óssea e os níveis séricos de IGF-1 (hormônio percursor do GH) . Tanto o grupo que recebeu, quanto o que não recebeu hormônio aumentaram de maneira similar a massa magra, apesar do grupo experimental ter maiores aumentos nos níveis séricos de IGF-1 após o treino. As melhoras na densidade óssea foram semelhantes em ambos os grupos, sugerindo maior turnover ósseo, sem acúmulo de mineral.

Estudos foram feitos também com portadores do vírus HIV. Num deles foi avaliado os efeitos a longo prazo do tratamento com hormônio do crescimento no peso e composição corporal, além da performance funcional. O grupo experimental recebeu 0,1 mg/kg/dia durante doze semanas e o outro grupo recebia apenas placebo. O tratamento com hormônio do crescimento ocasionou ganho de peso e massa magra, com diminuição na massa de gordura, ao contrário do grupo controle, que não teve diferenças relevantes nos resultados. Mas nem todos os resultados foram animadores. Num estudo . todos os grupos tiveram aumento na massa magra e diminuição na massa de gordura, porém os ganhos foram muito inconstantes e instáveis, levando a conclusão de que as drogas e doses testadas não são recomendadas. Já em outro se usou cerca de 6 mg/dia de GH em pacientes portadores do vírus HIV. Ao final das 12 semanas não houve mudanças positivas na musculatura esquelética. Com base em conclusões similares alguns autores afirmam que os efeitos anabólicos do tratamento com GH a longo prazo não justificam a abundante terapia de reposição hormonal. Em pacientes jovens com deficiência de GH, nem o uso deste hormônio, nem o de IGF-1 causaram aumentos na força. Apesar de ocorrer aumento na massa magra e redução do percentual de gordura em ambos os casos, o tratamento com GH provocou a maior perda de lipídios, além de diminuição na oxidação de carboidratos e aumento das concentrações de glicose e insulina indicando resistência súbita a esse hormônio. O GH não afetou os fluxos de cálcio, confirmando a hipótese de que ele não é o pivô no metabolismo ósseo deste mineral.

Muito bem, já vimos que o uso de hormônio do crescimento para promover aumento de massa muscular em pacientes debilitados é questionável, só isso já seria suficiente para desencorajar o uso deste hormônio em indivíduos saudáveis (se não aumenta massa muscular em estados catabólicos extremos que dirá em organismos normais!!. Num estudo foi feito um experimento para avaliar o efeito do tratamento de GH no anabolismo muscular associado ao treinamento com pesos durante 12 semanas. Ao final do estudo os autores concluíram que o ganho de massa magra proveniente do tratamento com GH é principalmente devido ao aumento de outros tecidos, que não muscular, portanto o uso deste hormônio não aumenta o anabolismo muscular resultante do treinamento com pesos. O mesmo autor, publicou outra pesquisa no ano seguinte com o mesmo objetivo: avaliar a influência do GH no anabolismo muscular, só que agora foram verificados os efeitos agudos (14 dias) em levantadores de peso experientes. Novamente os valores de IGF-1 aumentaram (224 para 589 ng/ml) e mais uma vez não houve influência positiva no anabolismo. Outro experimento foi feito em atletas, e os autores tiveram o valioso cuidado de controlar o uso de esteróides anabólicos. O GH elevou as concentrações séricas do próprio hormônio, de IGF-1 e da proteína transportadora de IGF-1, além de aumentar a taxa de insulina em jejum e diminuir a da tiroxina. Porém, não houve ganho de força nem melhora na composição corporal, conclusão: os efeitos anabólicos e lipolíticos do tratamento com GH podem depender da massa gorda e da deficiência na produção deste hormônio, sendo ineficiente no caso de jovens saudáveis.

Bom, pessoal, apesar de toda propaganda exaltando o GH, não existem justificativas para o uso estético desse hormônio PARA FINS DE GANHO DE MASSA MAGRA (MÚSCULO; MUSCLE), e é incompreensível que a mídia e demais pessoas propaguem tais idéias sobre uma substância ineficiente e demonizem, outros hormônios como os derivados da testosterona. A verdade é que o tratamento a base de esteróides anabólicos, parece ser tão, ou mais, eficiente e segura que a terapia com GH, além é claro, da inegável vantagem econômica. Como foi visto o eventual aumento de massa magra relacionado ao uso de GH, pouco tem a ver com hipertrofia do tecido muscular, o efeito verificado com mais freqüência é a redução no tecido adiposo, além de relatos isolados de melhora na pele, porém a maioria dos ganhos provenientes da terapia de GH podem ser obtidos com facilidade através de práticas alternativas, as quais dificilmente chegarão às cifras gastas com o GH (mais de 2.000 reais por mês).

Outro aspecto a se ressaltar é a freqüente insignificância dos ganhos de força, para muitos isso é mais uma indicação de que não houve aumento nas proteínas contráteis, creio que isto seja outro ponto contra o uso de GH pelo simples fato do aumento de massa magra não acarretar melhoras funcionais no aparelho locomotor, o que deveria ser um aspecto importante de qualquer terapia ou treinamento físico, mesmo com fins estéticos.
Sei que, para variar, minhas opiniões estão indo contra a corrente atual de pensamento, porém não tenho nenhuma obrigação em agradar a ninguém, e nunca gostei de seguir cegamente dogmas, antes, prefiro analisar criticamente o assunto, formar uma opinião concreta e compartilhá-la com vocês, meus alunos e amigos, doa a quem doer. Além do mais, quem faz uso do GH em doses que poderiam ser anabólicas, ou seja, muito altas, no mínimo correu riscos desnecessários porque o exemplo do dia a dia é de alguns atletas famosos que desenvolveram diabetes, sindromes compressivas neurológicas como síndrome do tunel do carpo, síndrome do tunel do tarso, crises de hipertensão intracraniana e etc.

Vamos então ficar espertos e não ficar ouvindo e dando "trela" para quem acha que sabe, e simplismente só quer te vender a droga e ganhar dinheiro a custas da sua ignorancia. Vamos confiar nas pesquisas !!!

Abçs e bjs a todos !!!

MORE TRAINING AND HEALTH FOR ALL !!!!